Atualidade > Trabalho em Equipa

“Quaisquer que sejam os feitos que tenhamos atingido, alguém nos ajudou.” 

(Althea Gibson – tenista e golfista profissional foi a 1ª mulher negra a ganhar Roland Garros e a primeira mulher negra a competir no Womens Professional Golf Tour)

O trabalho em equipa (ou a competência para desenvolver um bom trabalho em equipa) é a capacidade para trabalhar em conjunto com outras pes­soas, independentemente da área a que pertencem, par­tilhando tarefas e resultados.

Significa isto que um bom team worker:

  • Escuta a opinião dos outros.
  • É capaz de modificar a sua opinião, se forem apresentados ar­gumentos convincentes, e aceita sem reservas a vontade da maioria.
  • ​Está sempre disponível para ajudar os colegas e luta para que a equipa atinja os objetivos.

Em oposição, não tem competências de trabalho em equipa alguém que:

  • É muito individualista e só confia em si próprio.
  •  Não reúne com os seus colegas/subor­dinados nem partilha informação.
  •  Rejeita os contributos dos seus colegas/subordinados.
  • Não promove o diálogo.

Como analisar se existe de facto trabalho em equipa:

Num ambiente onde o trabalho em equipa é promovido e valorizado, existe confiança, respeito, interajuda, feedback, comunicação fluída, complementaridade, responsabilidades partilhadas, foco nos objetivos da equipa, ambição, sentido do todo e egos controlados.

O trabalho em equipa começa com a construção de relações de confiança entre os seus membros e é um trabalho nunca terminado; mesmo quando tudo parece estar bem, a mudança de contexto, a entrada de um novo colaborador ou a saída de um elemento da equipa provoca alterações que podem impactar de forma mais ou menos significativa na forma de trabalhar.

Veja-se o caso de uma equipa desportiva (futebol, basquetebol, voleibol, râguebi, remo…), normalmente, uma alteração na constituição da equipa implica ajustamentos de maior ou menor relevância na forma de jogar, de modo a tirar partido das competências específicas de cada elemento da equipa. Todos são importantes, os que jogam, os suplentes, os que atacam, os que defendem e, note-se que ninguém está acima da equipa e que o valor da equipa tem que ser superior à soma do valor de todos os seus elementos.

Uma equipa VIP

Quando se fala duma equipa que funciona bem, diz-se normalmente que é uma equipa de excelência ou um dream team; nós gostamos de chamar equipa VIP (iniciais de Valor, Interação e Processos)

Quando nos referimos ao “V”, falamos do valor que o trabalho da equipa acrescentou ou, os resultados obtidos por essa equipa (e não ao esforço que a equipa despende). Para podermos avaliar até que ponto a equipa acrescenta valor, deveremos responder às seguintes questões:

  • Os resultados alcançados garantiram o cumprimento dos objetivos?
  • Esses resultados permitiram satisfazer os principais parceiros internos e externos?
  •  Atingir estes resultados foi desafiante para a equipa? Ou será que a equipa ainda podia ir além?

Quando falamos do “I”, estamos a analisar a relação dos (e entre os) diferentes elementos da equipa e qual o saldo final. Podemos tirar conclusões respondendo às seguintes questões:

  • Os membros apoiaram-se mutuamente?
  • Foram criadas verdadeiras relações de confiança?
  •  A equipa esteve envolvida no cumprimento dos objetivos? Partilharam responsabilidades?

Por fim, quando falamos do “P” de processos, estamos a analisar a forma como o trabalho foi realizado, nomeadamente em termos de procedimentos e regras de funcionamento da equipa. Podemos analisar esta questão com base nas respostas às seguintes questões:

  • Os procedimentos e regras adotadas foram adequados ao trabalho a executar? Foi possível ir ajustando em função do desenvolvimento dos trabalhos?
  • Conseguimos potenciar as diferentes competências (hard  e soft) dos diferentes elementos da equipa? Tiramos partido das competências de todos e de cada um?
  • Os processos estavam bem coordenados e os papéis dos diferentes intervenientes claros?

 

Equipa GROW

O foco de uma equipa deve ser conseguir funcionar como uma Equipa GROW, que potencie a empresa,

Ser GROW implica a todo o momento termos foco em:

Goals – São os objetivos comuns da equipa que vão criar um sentido de unidade. Sem objetivos a equipa não tem rumo e facilmente se dispersará e desmotivará. Os objetivos da equipa sobrepõem-se sempre aos interesses individuais. 

Reality – A base de trabalho da equipa é a realidade existente a cada momento. A equipa tem de, permanentemente, analisar e ponderar os factos e as diferentes variáveis que os constituem. A realidade é evolutiva e cada vez mais dinâmica e a equipa tem de ter todas estas questões em linha de conta. Atuar num setor ou noutro, estar localizada numa região ou noutra é uma realidade diferente que tem que ser tida em linha de conta.

Options – A capacidade da equipa se mobilizar para encontrar diferentes cenários, distintos caminhos é algo fundamental para o seu sucesso. Trabalhar em equipa é uma forma privilegiada de exponenciar o leque de alternativas, de ideias possíveis para o valor que acrescentamos a nossa organização.

Will – Ser uma equipa depende da vontade de cada um dos seus membros se esforçar, se dar, trabalhar para que a equipa seja uma verdadeira equipa. É preciso abdicarmos de nós, lidar com perfis e personalidade muito diferentes, investir tempo… Integrar. Fazer parte integrante de uma verdadeira equipa dá muito trabalho e é um trabalho que exige uma vontade diária.

Além disso, para que uma equipa possa apresentar resultados excecionais, a equipa tem que estar alinhada, coordenadater objetivos claros e todos os elementos cooperarem uns com os outros. Se tal não acontecer, há desperdício de esforço, há frustrações, há conflitos e, acima de tudo, a organização dificilmente atinge os seus objetivos.

No alinhar cabe:

  • Conhecer objetivos da equipa.
  • Ter uma compreensão partilhada pelos elementos da equipa das suas responsabilidades.
  •  Envolver os elementos da equipa nas tarefas e suas responsabilidades.
  • Ter acesso às pessoas e relações certas, quer internamente à equipa, quer externamente.

Para conseguir um adequado alinhamento, temos que considerar que uma equipa, como um colaborador tem o seu ciclo de vida:

  • Começa com a criação da equipa, seguida por um período de alguma desordem em que cada elemento tenta encontrar o seu papel, em que cada líder tenta avaliar como tirar o máximo partido de cada elemento e alguns até podem concluir que este não é o seu projeto e acabarem por sair.
  • Continua com a normalização em que cada elemento se vai ajustando ao seu novo papel, alguns podem ficar temporariamente frustrados, mas tudo se acomoda.
  • Por fim, há a fase do elevado desempenho, é o momento em que todos estão alinhados: cada elemento conhece bem o seu papel, as suas funções, as suas responsabilidades, o seu âmbito de atuação, as regras, os procedimentos, etc.

E note-se, de forma sistemática e continuada, temos que analisar e avaliar se o alinhamento se mantém ou se é necessário ir introduzindo ajustamentos.

No Cooperar está incluído:

  • Trabalhar para o todo.
  • Entreajuda entre os membros; colaboração.
  • Construção de confiança e respeito mútuo.
  • Haver compromisso.
  • Saber partilhar informação, ideias, conhecimento.
  • Perceber que cada membro é corresponsável pelo sucesso da equipa (responsabilidade partilhada).

 

No Coordenar encontramos:

  • Orientar a equipa.
  •  Apoiar na gestão de conflitos que surjam na equipa.
  •  Apoiar para garantir uma eficaz condução das sessões de trabalho em equipa e evitar perda de tempo e falta de foco.

 

No Alcançar temos:

  • ​A existência de objetivos desafiantes e realistas.
  • ​Clareza quanto às prioridades relativas.
  • A motivação e dedicação no cumprimento dos objetivos.
  • Ambição da equipa.

 

Conclusão

Trabalhar (bem) em equipa é a fórmula para conseguir atingir objetivos que de outra forma nunca alcançaria mas, como referido atrás, é uma tarefa inacabada.

Se quer ser um elemento que acrescenta valor à equipa, reflita regularmente sobre aquilo que individualmente pode dar mais e melhor à equipa e sobre aquilo que a equipa, enquanto um todo, pode fazer para que o trabalho em equipa seja mais efetivo.

 

Luis Marques,
Diretor Geral da Fórmula do Talento
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