Atualidade > Vamos falar sobre as tendências que estão a transformar a gestão e avaliação de desempenho nas organizações?

Se, há uns anos, nos tivessem dito que o feedback ia deixar de ser aquela sessão anual carregada de tensão para se tornar num hábito contínuo, talvez nos ríssemos – ou até torcêssemos o nariz. Mas, surpreendentemente, algumas das maiores empresas (sim, estamos a olhar para a Google e Microsoft) apostam agora em sistemas de feedback contínuo. E a verdade é que esta prática não só faz todo o sentido, como também tem um impacto positivo no bem-estar e no alinhamento dos colaboradores. Em vez do tradicional "será que atingi os números?", a ideia é ajustar a rota em tempo real. É como ter um GPS para a carreira – evita desvios e corrige o rumo antes que nos percamos.

Assim, temos o foco nas competências – porque parece que, afinal, é mais útil desenvolver do que avaliar. Em vez de um sistema de "caça ao erro", as empresas estão a direcionar os seus esforços para preparar os seus colaboradores para o futuro, oferecendo ferramentas de desenvolvimento como formação e coaching como se fossem autênticos "personal trainers" do talento. Esta é uma abordagem que não só aposta no desempenho, mas que também trabalha a resiliência e a capacidade de adaptação, para que os colaboradores possam aceitar novos desafios e com eles evoluir.

No que diz respeito a resultados, cada vez mais, conceitos como Objectives and Key Results (OKRs) estão a ganhar terreno. Pode soar a mais uma sigla complicada, mas, no fundo, são apenas objetivos claros e quantificáveis que facilitam a vida e garantem que todos remam na mesma direção. A melhor parte? Esta metodologia incentiva uma revisão regular das metas, normalmente trimestral, o que significa que, quando o barco muda de direção, ninguém fica para trás a remar para o lado errado.

Além disto, quem diria, a famosa avaliação 360 graus também veio para ficar. Agora, o feedback vem de todos os lados – colegas, chefias, subordinados, e até
clientes! É como ter um espelho multifacetado, dando uma perspetiva abrangente do desempenho. O lado positivo? Evita aquelas “visões limitadas” e constrói um
ambiente de feedback mútuo onde todos têm uma palavra a dizer, incentivando a colaboração e a melhoria contínua a todos os níveis da organização.

Não podemos deixar de parte o grande ponto de viragem dos tempos modernos: a Inteligência Artificial. Empresas como a IBM estão a utilizar ferramentas de IA para analisar dados e fornecer feedback personalizado, contribuindo para eliminar, de alguma forma, eventuais preconceitos. Os sistemas de IA podem processar grandes volumes de dados de desempenho, identificar padrões e tendências, e até prever potenciais problemas ou oportunidades de desenvolvimento. Isto permite uma abordagem mais objetiva e baseada em dados, complementando o julgamento humano e oferecendo recomendações personalizadas e direcionadas para o desenvolvimento de cada colaborador.

E se só medir resultados já é coisa do passado, o segredo atual é o equilíbrio entre resultados e competências. Este modelo híbrido, adotado por empresas como a Unilever, reconhece não apenas o que foi alcançado, mas também a forma como foi alcançado. Esta abordagem valoriza tanto os resultados quantitativos como as competências qualitativas, como por exemplo liderança, trabalho em equipa ou inovação. Ao considerar ambos os aspetos, as organizações podem cultivar uma cultura de alto desempenho que não sacrifica os valores e comportamentos desejados em prol de resultados a curto prazo, promovendo assim um crescimento sustentável e ético, criando uma cultura que valoriza tanto o “quê” como o “como”.

Outra das tendências é a personalização, reconhecendo que não há uma “receita” única para todos. Cada vez mais vemos empresas a adaptar os processos de avaliação para responder às necessidades individuais dos colaboradores, melhorando o envolvimento e a eficácia do processo. Esta abordagem reconhece que diferentes funções, níveis de experiência e estilos de aprendizagem requerem métodos de avaliação e desenvolvimento distintos. Pode incluir a adaptação dos critérios de avaliação, a frequência, o formato das sessões de feedback e os planos de desenvolvimento individual. Ao respeitar as preferências e necessidades únicas de cada colaborador, as empresas podem aumentar significativamente o envolvimento e a satisfação, levando a melhores resultados e a uma maior retenção de talentos.

Por fim, a cultura de aprendizagem contínua tem vindo a transformar o ambiente de trabalho. Empresas como a Amazon investem em plataformas internas que permitem aos colaboradores aceder a cursos, workshops e certificações, criando assim um ciclo de evolução contínua. Ao vincular diretamente o desenvolvimento de competências às avaliações de desempenho, as organizações criam um ciclo virtuoso de melhoria contínua, onde o feedback leva à aprendizagem, e a aprendizagem leva a um melhor desempenho.

As empresas que integram estas práticas têm uma oportunidade de ouro para reter talento e alcançar resultados, enquanto criam um ambiente de trabalho onde os colaboradores querem realmente estar. Afinal, quem é que não gosta de um lugar onde pode crescer, dar feedback e saber que o esforço é reconhecido eajustado às suas necessidades? Parece que a gestão de desempenho está finalmente a piscar o olho ao futuro – e, honestamente, era mesmo o que precisávamos!
Carlota Kong,
Fórmula do Talento
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